segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

CALOR



Joel Pires

Devagar, a serpente chegou, entre o ciciar das folhas, atenta. No silêncio que se fez, apenas o assovio, o aviso sibilante. SSSSS. Deslizava elegantemente entre galhos, gravetos... escorria sobre os seixos com suavidade. Cautelosa. Na praia, as ondas lambiam a areia e voltavam satisfeitas. A moça estava ali, exposta ao sol. O óleo cobria-lhe o corpo sinuoso, perfeitamente desenhado. A água avançava cada vez mais. Sentia-se a leve carícia da brisa. Ela se entregava ao deleite. O sol, enciumado, abria-lhe os poros. O mar, com sua língua atrevida, aproximava-se e avançava na areia úmida.